quinta-feira, 22 de abril de 2010

Monumento a Júlio de Castilhos






Monumento a Júlio de Castilhos







O monumento a Júlio de Castilhos é um monumento localizado na Praça da Matriz,no centro de Porto Alegre. A sua construção foi decidida logo após a morte de Júlio de Castilhos, ocorrida em 24 de Outubro de 1903,sendo o projeto de autoria do pintor e escultor Décio Villares. Contudo, sua relização sofreu vários atrasos e o projeto inicial passou por varias modificações. os trabalhos finalmente iniciaram em 27 de Julho de 1910,com o nivelamento do terreno e o lançamento dos seus alicerces sob a supervisão de Affonso Hebert,ficando com a parte da cantaria a cargo de Jacob Aloys Friedrichs. As obras encontraram dificuldades diversas e , em certa altura, seus andaimes desabaram,destruindo o que já existia e obrigando o recomeço de toda empreitada.

Por fim, o monumento pôde ser inaugurado em 25 de Janeiro de 1913, e na ocasião o governo estadual distribuiu um panfleto esclarecendo a complexa simbologia representada. Pretendia-se ilustrar idealizada mente três momentos da vida do homenageado: A fase da propaganda republicana, a fase da organização do governo no Estado e a fase posterior à sua retirada do governo.


Descrição e interpretação

As alegorias foram escolhidas por Villares do modo a caracterizar a ação típica de cada uma das três fases e o seu grau de importância, com realce para a fase da organização politica,da qual resultou a Constituição de 1891. A primazia deveria caber a República,como o espelho dos ideais que definem a politica moderna: liberdade,paz e fraternidade. O entusiasmo apoio popular à causa não poderia faltar, e também era preciso manter viva a memória dos antecedentes politicos resumidos em Tiradentes e José Bonifácio através das frases Libertas quea tamen, e A sã política é filha da moral e da razão . Além da estatuária existem datas inscritas alusivas à proclamação da República, fator fundamental na emancipação política do Rio Grande, e à Revolução Francesa, inspiradora de todo um impulso civilisatório de alcance global.








A propaganda Republicana



Os grupos de estátuas se distribuem em torno de um núcleo piramidal,destacando-se, no topo do obelisco central, a figura triunfante e dinâmica da República, com a chama da nova ordem social em uma das mãos e o códice da lei nova na outra. Repousa sobre uma esfera, com estrelas representando os estados brasileiros, além da divisa Ordem e Progresso. Na face oeste, representando os estados brasileiros, além da divisa Ordem e Progresso . Na face oeste, representando a Propaganda Republicana, está a imagem de um jovem que se inclina à frente , oferecendo exemplares do jornal A Federação.



Detalhe da face norte ,com figuras da Constância e da Prudência na base, o político ao centro, e o civismo e a Coragem acima




A face norte é dedicada a eternizar Júlio de Castilhos como um estadista exemplar, um organizador iluminado pela filosofia de A ugusto Comte, virtuoso e enérgico, e em sua representação está ele entronizado em uma cadeira alta, em aparente meditação após a leitura em uma cadeira alta, em aparente meditação após a leitura de um livro, mas prests a entrar em ação, em consonância com o seu motto pessoal: Saber para prover.


Mas uma única figura do político, por mais engenhosamente concebida que fosse ,não seria o bastante para apresentar ao povo a pletora de suas qualidades, que foram então personificadas em figuras auxiliares: a Coragem, num arrebatamento inspirado ,com os louros da vitória em uma das mãos e a outra livre para incitá-lo à atividade. Contudo a coragem por si mesma é um impulso cego, e sua figura traz significativamente os olhos parcialmente vendados . Assim , fazia-se mister equilibrá-la com a Prudência, que refreia o ímpeto da outra e aponta-lhe os perigos e dificuldades da aplicação prática da idéia abstrata, simbolizados por um dragão que sobe rastejando o solo da pátria,e que em si também relembra a ameaça de retorno da antiga ordem monárquica , uma vez que o dragão é simbolo da Casa de Bragança, a qual pertencia o Imperador Dom Pedro ll, há tão pouco tempo deposto.


Outras virtudes se reúnem no elogio de Castilhos . À sua direita posta-se a Firmeza ou Constância , um guerreiro atlético com armadura , em atitude altiva e inabalável, com uma pele de leão estendida às costas em clara alusão ao Hércules mitológico e ao domínio espiritual sobre as paixões brutas e desordenadas. Ele segura ainda três chaves de significado pouco claro,mas talvez representativas dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) que o político controlou com mão de férrea em seu governo. Acima , abraçando amorosamente a bandeira nacional, está a imagem esvoaçante do Civismo.




Júlio de Castilhos representado como um velho sábio

No lado leste ilustrou-se a fase derradeira de Júlio de Castilhos, após seu afastamento do poder. Ele é mostrado ,curiosa mas simbolicamente , como um velho de barbas longas, mas de corpo ainda em pleno vigor, na atitude retórica de um sábio mestre , como a provar, conforme constava em passagem no panfleto publicado, que os anos não lhe quebraram o vigor do espírito nem dissiparam a sabedoria acumulada da experiência.

Por fim, a face sul traz a figura de um jovem gaúcho a cavalo, simbolizando ao mesmo tempo a energia jovial do povo rio-grandense , a esperança no futuro e o apoio indispensável das massas populares a qualquer iniciativa bem-sucedida de reforma , progresso e melhoramento.

O conjunto do mnumento, de 22 metros e meio de altura,é uma verdadeira cartilha positivista , e foi concebido em uma feição idealista e mesmo mística , como um altar publico onde se pudesse venerar a memória de um líder paradgimático e conhecer seus princípios doutrinários.












Texto e pesquisa:
Rafael Camargo

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